
A proposta da Conferência Preparatória é fazer com que todas as correntes especializadas em temas ligados à mudança climática possam se juntar a uma crescente coalizão para promover um encontro dos setores público, privado e sociedade civil. Todos eles estão empenhados em promover a liderança brasileira diante da questão das mudanças climáticas e de sustentabilidade; e também para mobilizar uma campanha de educação pública brasileira e mundial em torno da urgência de tornar a economia mundial verde, dentro de dez anos.
Minas Gerais saiu na frente e lidera um movimento de fazer do Brasil uma referência em relação a ações que possam combater o efeito estufa. O governador Aécio Neves assinou um termo de adesão de Minas Gerais à Campanha de Liderança Climática 2020, que propõe a redução em 80% das emissões de gases de efeito estufa nos próximos dez anos. Minas foi o primeiro estado do mundo a aderir à campanha, lançada pela State of the World Forum.
O estado foi escolhido para sediar a conferência e o lançamento da campanha por já desenvolver políticas ambientais que reduzem o impacto da emissão de gases poluentes. O Estado apresenta resultados significativos com a queda do desmatamento, o aumento das áreas verdes protegidas, tratamento adequado ao lixo e recuperação da qualidade das águas das bacias hidrográficas do Estado. Minas também se destaca com a instalação da Câmara de Energia e Mudanças Climáticas e com a Lei Estadual de Resíduos Sólidos, considerada um marco legal no Brasil.
Minas inovou ao lançar, no ano passado, o primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, mapeando os principais segmentos produtivos, de acordo com a metodologia sugerida pelo Painel Intergovernamental de Mudança do Clima. O Governo se empenhou para tornar as fontes de energia limpa cada vez mais dominantes na matriz energética do estado, substituindo a energia produzida a partir de combustíveis fósseis.
Durante a conferência em Belo Horizonte, serão realizadas sessões de trabalho com a participação de 160 ambientalistas e cientistas de 20 países. Os trabalhos em Minas Gerais são o ponto de partida para uma campanha mundial visando a conscientização de pessoas, empresas e governos sobre as mudanças climáticas. A convenção mundial sobre o tema acontece em fevereiro de 2010, em Washington.
Entre as propostas defendidas pela ONG estão a reduzir a dependência dos combustíveis, implementação de eficiência energética, criação e utilização de tecnologias limpas, desenvolvimento de energias renováveis, limpeza dos sistemas naturais, criação de estilos de vida sustentáveis e criação de uma cultura de crescimento sustentável.
No Brasil, uma campanha de educação pública sobre aquecimento global começa a ser veiculada pelas Organizações Globo. Durante a abertura desta terça-feira, o vice-presidente das Organizações Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, apresentou as peças que serão veiculadas.
De acordo com SWF praticamente todos os países do mundo se comprometaram, fortemente ou vagamente, a reduzir as emissões de carbono em 80% até 2050. De acordo com a ONG, o Brasil, no cenário internacional, parece mais preparado para exercer a liderança necessária nesse movimento. Os números apresentados por algumas iniciativas são bem interessantes:
• Mais de 50% de toda a energia do Brasil é proveniente de fontes renováveis, em oposição aos 12% da Europa e aos 10% dos E.U.A.
• Sua maior utilidade elétrica, a Central Elétrica de Minas Gerais (CEMIG), gera 92% da sua eletricidade a partir de fontes limpas e foi apontada pelo Índice Dow Jones de Sustentabilidade como a melhor empresa energética do mundo em 2007.
• A utilização brasileira de etanol em automóveis é a mais significativa do mundo.
Uma antiga reivindicação do Instituto Ethos, que é a mobilização da mídia, já começar a surtir efeito. A TV Globo, se comprometeu a tratar com seriedade o aquecimento global e trabalha no desenvolvimento de uma campanha para educação pública sobre as alterações climáticas. No ano passado, o Ethos reuniu a direção das grandes empresas de comunicação do país para que houvesse mais empenho na divulgação de ações relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade do Planeta.
Embora o Brasil apresente um cenário favorável para implementação da campanha do SWF, muito coisa ainda precisa ser feita por aqui. Tenho dito que o Governo Federal tem dado alguns maus exemplos em relação a uma política que possa garantir a sustentabilidade das atividades econômicas.
Temos que aproveitar o potencial já desenvolvido para que possamos, verdadeiramente, dar um bom exemplo para o mundo. Hoje o crescimento da economia mundial depende de mantermos o foco na questão da sustentabilidade ambiental. Do contrário podemos estar a caminho de uma outra grande crise com a escassez de alimentos e dos recursos naturais.
Estarei aqui em Belo Horizonte acompanhando os passos dados pela Conferência Preparatória para a Convenção Mundial sobre Mudanças Climáticas, esperamos que ações concretas possam sair daqui de Minas Gerais. O que a SFW quer com esse encontro é fazer com que as atitudes contra o crescimento global saiam da retórica e passem para ações, efetivamente, concretas. Tenho alguns depoimentos gravados em vídeos e vou aos poucos disponibilizá-los aqui para os amigos do Saber Cuidar.